quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Valor agregado

Quanto custa um Romeu e Julieta?

Eu tinha um texto pronto para postar hoje, mas depois de assistir uma reportagem sobre os produtores de queijo parmesão da serra da Mantiqueira, não pude deixar de colocar minhas impressões no papel, digo, na tela...

É impressionante ver que nesse mundo tão moderno e industrializado, algumas produções sejam feitas artesanalmente. E todas as etapas o são dessa forma...
Foi uma delícia assistir um Brasil que, por vezes, passa despercebido aos nossos olhos cosmopolitas. São tantas histórias, tantas pessoas, exemplos vivos de uma maneira de lidar com o ambiente em que vivem e o resto da sociedade.

Nessa reportagem, foi exibida pelo Globo Rural em setembro do ano passado, conheci personagens que espero nunca esquecer sua importância no sistema.
Vi vizinhos que por não terem uma cooperativa, se auxiliam com trocas e compartilhamento de terras, seus animais pastam no mesmo espaço, e seus funcionários trabalham para os dois em perfeita harmonia.

Em outra vizinhança, que inteira ajuda um produtor de queijo, (claro que todos ganham proporcionalmente!), em torno de 10 vizinhos levam o seu excedente de leite para o produtor de queijo que sozinho, por possuir poucas vacas, não conseguiria alcançar a quantidade de leite necessária para produção, logo pela manhã, começam a chegar com os galões que variam entre oito e quarenta litros de leite e juntos conseguem chegar à quantidade para a manufatura. Da qual a família toda participa...

Mas o que mais me deixou emocionada foi a história de um tropeiro que poderia já estar aposentado, mas não apenas por gostar muito do que faz ele continua a enfrentar as sete horas, com o mínimos de paradas, em cima do lombo de um jegue até alcançar a cidade de Resende, onde ele vende todos os produtos feitos por seus vizinhos.

Ele passa essas sete horas enfrentando desfiladeiros, subidas íngremes, vales estreitos, terrenos inóspitos com seus três animais... Tudo isso para não deixar as pessoas que o esperam sem as deliciosas iguarias, que variam entre queijos diversos, doces em compotas e goiabadas de todos os tipos.

Essa incrível reportagem, que talvez não tenha feito o menor efeito pra maioria das pessoas que a viram; para mim surtiu a seguinte idéia do valor agregado dos produtos que consumimos... Imagina só quanta história tem uma fatia de queijo coalho que comemos na praia? Quem o fez? Como foi transportado ao destino final? Quanto desse valor foi repassado ao produtor da matéria prima? Por quantas mãos meu queijo com goiabada passou até que eu o comesse? E isso fez me pensar em tudo! Tudo que eu visto, uso, como tem uma história própria, única que por ter uma vida tão corrida, não tenho idéia do valor que devo dar a todas essas coisas!

Tudo! O meio em que vivo, a sala limpa no começo do dia.... Afinal ela não apareceu limpa... Em tempo de modernização e aumento do uso de máquinas, vejo a imensa necessidade de valorar o trabalho humano, todo o valor que cada coisinha do meu dia agrega e a importância de cada um desses fatores e pessoas, pois se alguma pecinha desse quebra-cabeça faltar, muitas das coisas das quais usufruo não existiriam.
É nesse momento que tenho a certeza de que toda pessoa é importante e participa de alguma forma para que a engrenagem do mundo continue a funcionar... “Aos trancos e barrancos”, mas sempre funcionando em harmonia...

Beijocas
Carol


Ps.: A reportagem não apenas me fez pensar no valor das coisas mas também em diversos valores perdidos ao decorrer dos tempos, como: amizade, companheirismo respeito à natureza... Pessoas simples que podem sempre nos ensinar o verdadeiro valor da vida! Pense nisso!